Miguel Torga, Portugal, 3ª edição revista, Coimbra (1967)
"Lisboa é bonita. Está ainda para nascer o primeiro insensível que do Alto de Santa Catarina não arregale os olhos de espanto diante da formosura de um panorama que a natureza se não gaba de ter repetido. Entre a investida Castelhana do Douro, em cima, e o esquivo namoro andaluz do Guadiana, em baixo, Portugal merecia a visita calma e demorada de um grande curso de água que, sem a ajuda de noras lhe matasse a sede e sem leixõe, fosse um porto de abrigo……Quis a sorte que assim fosse e o Tejo abrisse no calcário estremenho, um estuário largo e majestoso, fundo e aconchegado que depois de magoar os montes os transformasse em miradouros de sonho."
(LIT/PORT 635 - página 111)
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